Contas de testamento realizadas na vila de São Miguel, na época sob a primeira comarca da província de Santa Catarina.
Partes do processo:
Joaquim Machado da Luz (testador);
João Ferreira da Silva (cabeça de casal);
Laurinda Severina de Souza (testamenteira).
Resumo:
Neste processo, foram prestadas as contas relativas ao testamento com que faleceu Joaquim Machado da Luz. O prestador foi João Ferreira da Silva, cabeça de casal de sua esposa Laurinda Severina de Souza. Laurinda era viúva de Joaquim.
No testamento, Joaquim constata que não teve filhos com Laurinda; portanto, não tinha herdeiros. Joaquim era filho de Francisco Machado e de Maria Catharina; era natural da vila de São Miguel, e residia nas Tijucas. Por não ter herdeiros “forçados” (diretos), Joaquim elege sua esposa e os “enjeitados” (menores órfãos) Maria, Manoel e Anna.
O testador também descreveu seus bens: terras; um sítio com uma casa coberta de telhas, e outro sítio localizado na Tijuca; animais de criação, trabalho e transporte (duas vacas, quatro bois, um novilho, um cavalo e uma mula); engenhos de açúcar e farinha, com caldeira para produção do açúcar e demais aparatos. Além disso, constam quatro pessoas escravizadas (dois homens e duas mulheres, diferenciados no processo como “machos” e “fêmeas”); seus nomes eram Antonio e Francisco (africanos, ambos de nação Monjolo); Victoria (africana, de nação Rebolo); e Angelica (descrita como “mulata”).
Além de sua esposa Laurinda, Joaquim nomeou Vicente Francisco Pereira e José Joaquim Dias como segundo e terceiro testamenteiros, respectivamente. O testador declarou seu desejo de ser sepultado na Igreja Matriz da vila de São Miguel, e pediu por uma missa para si no dia de sua morte. Por fim, deixou esmolas a diversos parentes, na forma de uma dobla para cada (antiga moeda) para cada um.
Em seguida, Laurinda entrou com uma petição para prosseguir ao inventário de seu falecido marido. Foram revisados pagamentos aos legatários e comprovantes de recebimento, referentes aos gastos pendentes do testamento.
Por sentença, o juiz julgou que as contas do processo foram devidamente tomadas e prestadas; e cobrou que as quitações pendentes fossem sanadas e as custas do processo fossem pagas por Laurinda.
Compõem o processo:
contas;
imposto de taxa de heranças e legados;
mandado de intimação;
pagamentos do auto de inventário e partilhas;
recibos;
sentença;
termo de juramento de promotor;
testamento.
Localidades relevantes:
Bobos;
Tijuca;
Tijucas (atual município em Santa Catarina);
Tijuquinhas (localidade do município de Biguaçu, Santa Catarina);
vila de Porto Belo (atual município em Santa Catarina);
vila de São Miguel (atual município de Biguaçu, Santa Catarina);
primeira comarca.
Atuaram no processo:
coletor de rendas Antonio Ignacio Pereira;
escrivão Antonio Carlos de Carvalho;
escrivão interino Antonio Francisco de Medeiros;
escrivão de órfãos e promotor Amancio José Ferreira;
juiz Coelho Machado;
juiz de direito Joze Christiano Garção Stockler;
juiz municipal Joaquim da Rocha Linhares;
juiz municipal 1º suplente Thomé da Rocha Linhares;
oficial de justiça João dos Santos M.;
signatário José Joaquim Dias;
tabelião e signatário José Manoel d’Araujo Roslindo;
vigário Joaquim Serrano.
Variação de nome:
juiz de direito José Christiano Garção Stockler.