Partes:
Januário Garcia Leal (falecido); Marianna Lourença de Oliveira (viúva e inventariante)
Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages; comarca de Paranaguá; capitania de São Paulo; juiz ordinário o capitão Joaquim José Pereira; escrivão Francisco José de Santana Souza; a morte do capitão Januário Garcia Leal ocorreu, com violência, na localidade de Lavatudo (fl. 3); o capitão ia da vila de Laguna para a vila de Lages, com carregamento (Caminho dos Conventos?); auto de corpo de delito (fl. 3); o capitão morreu em consequência de uma forte pancada que recebeu de um cavalo, na altura da orelha direita, quando o cavalo pulou contra uma porteira; nas canastras que o capitão trazia de Laguna havia ferramentas para trabalho rural (pregos, enxada), tecidos (de algodão, musseline, linho), peças de roupa (paletó de caxemira, colete) e ferramenta para sapateiro; dentre os bens deixados pelo capitão: mulas, cavalos, bestas, gado, couros, couro de tigre pintado, cargas de sal, equipamentos de montaria, feijão, várias peças de roupa, tecidos variados, linhas, botões, .
Destacam-se, nos autos, as pessoas que deviam alguma quantia ao capitão Januário Garcia Leal. As dívidas eram espécie, por conta de animais (burros, mulas e cavalos), produtos (sal, pregos); e em diferentes lugares: Vacaria, Ilha de Santa Catarina e Laguna.
Porteiro do auditório da Câmara de Lages Marcello Alves Pinto; pregão dos bens em praça pública; arrematação; ex-escravo do capitão, Antonio Preto, de nação Congo, demonstrou nos autos, com carta de alforria, ser liberto. Declaração de escritura de alforria: [...] "o capitão, de sua livre vontade deixa forro ao negro Antonio isento de todo e qualquer cativeiro por lhe ter servido e aturado as suas impertinências sempre com paciência e em tudo ter servido como bom escravo ficando daí para todo o sempre liberto e forro e nem em tempo algum os seus herdeiros, avaliadores, poderão ir contra esta carta, pois é vontade do dito falecido que por sua morte ficasse forro o dito preto Antônio" (fl. 39); Carta de alforria (fl. 41), assinada em abril de 1803; papel com marca d'água; juiz ordinário o tenente Balthazar Joaquim da Silveira; Antonio Carlos Cardoso, procurador da viúva e inventariante; vila de São Carlos, comarca da cidade de São Paulo; Marianna morava no Arraial de Jacuhy, termo da vila da Campanha da Princesa, Mariana, capitania de Minas Gerais; Continente da vila de Lages (fl. 87); vila de Mogi-mirim (fl. 89); declaração de Bernardo José de Lorena (quinto conde de Sarzedas, fidalgo e administrador colonial português. Governou a capitania de São Paulo por 9 anos, período em que construiu a Calçada do Lorena, primeiro caminho calçado que ligava o litoral ao planalto de São Paulo. Depois de São Paulo, governou a capitania de Minas Gerais, onde fundou a cidade de Campanha), fl. 123 e 124; comarca do Rio das Mortes.